Singularidade tecnológica: os principais desafios

O desenvolvimento exponencial da ciência nas últimas décadas tem gerado previsões assustadoras. Elas podem soar como premissa para um reboot de O Exterminador do Futuro. Na verdade, é aquilo que estudiosos chamam de singularidade tecnológica. A hipótese de que, em algum momento próximo, máquinas atingirão capacidade superior à nossa. Avanços no campo da inteligência artificial são os principais culpados por suscitar temores como esse.

Sim. É provável que a convergência de diversas tecnologias resulte em um evento completamente disruptivo, responsável por transformar a humanidade permanentemente. Não quer dizer que contemplaremos a supremacia dos sistemas lógicos. Deixando de lado as teorias apocalípticas, encontramos uma perspectiva mais pragmática sobre o progresso da computação. Tem a ver com a integração entre homem e máquina, em proporções nunca vistas antes.

Sinais dessa revolução iminente estão ao nosso redor, e nem sempre percebemos o seu potencial para impactar a vida em sociedade.

Onde está a singularidade tecnológica

Somos facilmente surpreendidos por uma robô que simula fala e expressões humanas. Agora, você já parou para pensar que grande parte da tecnologia empregada em lançamentos estrondosos está difundida no dia a dia? De fato, há 20 anos, não imaginávamos carregar uma extensão da nossa vida social no bolso. Mas não demora para nos acostumarmos com tantas dispositivos e funcionalidades, esquecendo a inteligência que existe por trás de tudo isso.

Para Felipe Plets, CEO da Menvia, o estágio inicial da singularidade tecnológica começa aqui mesmo: 44% do globo com cobertura de rede e uma média de 2,3 dispositivos por pessoa. Objetos interconectados que oferecem comunicação em tempo real, como smartphone, notebook, relógio, fone de ouvido e até mesmo o carro. O especialista em inovação explica como a internet das coisas, que está mudando a interação entre mundo digital e físico, culminará neste momento único.

Presenciamos uma crescente autonomia das nossas aplicações. Exemplo bem conhecido é a casa inteligente, que climatiza os cômodos, identifica a necessidade de iluminação e até providencia as compras de supermercado. A longo prazo, não teremos gadgets auxiliares. Fala-se na extensão da capacidade humana via conexão neural, por exemplo. Até chegar lá, porém, precisaremos transpor uma série de desafios que acompanham o processo de inovação.

Principais desafios e possíveis soluções

Cada tecnologia é concebida em seus benefícios, mas também traz preocupações. Chegar no estágio mais avançado da singularidade, com as máquinas ao nosso favor, exigirá adaptação perante alguns problemas físicos que se apresentam atualmente. Plets participou do NetStorm abordando justamente os desafios que enfrentaremos em termos de Internet das Coisas, bem como suas soluções. Assista ao trecho da palestra abaixo.

São três principais pontos de destaque:

1. Energia

A capacidade energética é um problema comumente observado no cotidiano. Nossos aparelhos oferecem inúmeras utilidades, mas não conseguem nos acompanhar durante uma jornada completa. Baterias podem representar perigo para o usuário e, por isso, Plets afirma se tratar de um assunto delicado. Muitos testes devem ser feitos antes que novos modelos entrem no mercado. Ainda assim, existem empresas trabalhando em duas principais linhas de estudo: aumento de potência energética e velocidade de carga.

2. Conectividade

Por mais que o espaço de cobertura esteja crescendo, muitas áreas periféricas ainda não têm acesso à internet como os grandes centros urbanos. Uma solução para conectividade são as redes de baixo consumo energético, como a LoRa e a Sigfox. Essa tecnologia funciona por rádio frequência, possibilitando a conexão de dispositivos pequenos em tempo real. Além de funcionar a longas distâncias, permite que usuário pague um preço mais acessível pelo tráfego de dados.

3. Segurança

Uma questão que tem mobilizado empresas em relação à Internet das Coisas é, sem dúvida, a segurança. Com a transmissão de informações pela nuvem, as medidas de proteção precisam ser redobradas. “Uma base tecnológica para mudar diversas áreas da sociedade é o blockchain, algoritmo que capacitou a criação da criptomoeda”, explica Plets. Esse recurso-chave é aplicado, no contexto em questão, para comunicação e validação dos dispositivos que têm acesso à rede.

Leia: O que Black Mirror ensina sobre segurança da informação

Conclusão

A transição para uma sociedade completamente integrada às máquinas está acontecendo. Rumamos à singularidade tecnológica e ninguém ficará de fora. Entretanto, precisamos nos questionar sobre como iremos encará-la. Analisaremos os riscos envolvidos nessa mudança, munidos de soluções que acrescentem inteligência às nossas rotinas? Ou vamos aderir cegamente às novas tendências, torcendo para não acabarmos em um futuro distópico?

Gestão de ativos de TI com o NetEye